Sou Ana [até amanhã]
Habitam em mim várias em um mesmo corpo. Habitam sem disputar espaço, vivem numa deliciosa confusão, às vezes harmônica, às vezes na luta. Quase sempre amam a mesma pessoa, em momentos diferentes do dia e da noite… Todavia, quase sempre amam várias pessoas diferentes, nos mesmos momentos do dia e da noite…
O que as dilacera é essa crescente mania de todos em ditar o que, como e onde [mas nunca o porquê] dizer, vestir, sentar, pensar, viver. Dilacera, mas une… Ah! Essa inconformidade com as crescentes manias de um mundo que não tolera.
Mas há aquilo que é comum a cada habitante de mim… o amor: à arte, à fotografia, à escrita, à cultura, ao café, ao cafuné…
Há, também, o que me faça diferente em detalhes minúsculos e minuciosamente descalculados e desajustados… A tal da confusão.
Multiplicidades do ser, multiplicidade do estar…
Aninha, Anénha, Pequena, Little, Baixinha… Sou Ana das loucas, até amanhã, sou Ana! Depois, quem saberá?
P.S.: Ah, sim: a tal da confusão, no auge dos embates, todas as minhas várias gostam de Chico Buarque. E acham que a vida faz mais sentindo quando escutamos suas músicas…