Andam dizendo por aí…
Andam dizendo por aí:
Tu amas o amor
E amas amar
com intensidade
Eu diria mais
O intenso não me cabe
E quando a felicidade invade
Solto palavras ao vento
Eu diria ainda
Nem amor nem palavra estão no mundo para aquietar
Se gritamos tristeza para que nos encontrem e acalentem
Qual o motivo de não bradar o que transborda de encanto?
Andam dizendo por aí…
Não sei o que amas
A pessoa, a vontade de amar o amor
Ou a confusão gerada em tuas palavras
Eu finalizaria assim:
O amor é brega e intenso
de que vale a vida sem nunca abusar
Do amor com vontade,
Da confusão com encanto,
Dos ímpetos do coração?
O bom senso é companheiro sensato
Mas não ajuda a escrever poesia.
Inspirado no dito:
“Afirmava-me não ser difícil percorrermos um texto, apreendendo a essência e largando o pormenor. Isso me desagradava. São as minúcias que me prendem, fixo-me nelas, utilizo insignificâncias na demorada construção das minhas histórias. Aquele entendimento rápido, afeito a saltos vertiginosos e complicadas viagens, contrastava com as minhas pequeninas habilidades que pezunhavam longas horas na redação de um período. Julguei Sérgio isento de emoção, e isto me aterrou. Comovo-me em excesso, por natureza, e por ofício, acho medonho alguém viver sem paixões.” (Graciliano Ramos – memórias do cárcere).