Lido e escrito
Aí tu paras e olha. Admira…
Passa um pouco, depois outro tanto
Interessado em Leminski [hmmm]
Cita frases sobre o que pode ou não
definir o ser humano, mas tem mais…
Tem também um jeito desarrumado;
Uma barba por fazer;
Um sorriso simples, discreto;
Uma, duas, três, várias tatuagens;
Um modo de olhar que sabe
(ou finge saber).
Observei um tempo.
Ao perceber meu olhar, sorriu
Falei uma vez. Silêncio.
Falei outra vez. Silêncio.
Parece curtir momentos mundanos.
Desses, cotidianos mesmo, miudinhos…
E ele segue ali, em silêncio.
“Vou tentar, mais uma vez…”
– Pensa a gaúcha, que gosta de falar e escrever
(como de fotografar, sorrir, viver).
E se põe à frente do rapaz e… fala!
Seu problema, pensava ela
Era sua sinceridade verborreica
(E será que dessa vez terá silêncio como resposta?)
Isso podia até virar poesia,
ou um conto barato.
O que provavelmente é um pouco demais
para quem, ainda, segue em silêncio.
Virou nem isso, nem aquilo.
Virou no fim um maltrapilho escrito,
Que sonhava em ser prosa
Sem métrica, nem rima
Sem pudor, nem purpurina
Só palavra, só sentido
Só vontade de ser lido.