Este ano
Enquanto eu praguejava aos sete ventos
Maldizia as datas, os acontecimentos
Passavam desapercebidos
Rumores e sussurros
De felicidade, de intensidade, de vida
Enquanto me apegava
Em supostos amores mal compreendidos
(e não por mim, diga-se)
Em confusões das palavras
Em broncas do dia-a-dia
Em escorregadas apontadas por outros
Deixava de lado as possibilidades…
De perceber que, aos poucos
Apaixonava-me
Por tudo aquilo que me move
Alimenta o coração
Encanta o cotidiano…
Apaixonava, disse eu? Ora essa!
Apaixono! Todos os dias um pouco mais!
Ao saber da nossa pequenez perante à vida
Na Terra, vendo o espaço, as estrelas, os planetas, mapeando o céu
No conhecimento, aprendendo o ócio, a gravidade, o riso
No amor, com amizades simples, romances fugazes, novos desconhecidos, lindos sorrisos
Apaixono, muito, no detalhe, em reuniões familiares
Reconhecendo que vamos somar, crescer
Nas notícias sobre um punhadinho de células
Que já se organiza, multiplica e é rodeado
De um sentimento antes inexistente – mas intenso e confortante.
Enquanto eu praguejava
Esvaia um pouco de mim
Instalando-se outros pesares
Mas também aquele sentimento
Que, afinal, é o que move – sempre
A inconformidade de ser e estar
E os sorrisos – novos e antigos
Estes me fazem ver que não…
O ano não foi ruim, foi – sim – ruptura
Inquietação (e as vezes silenciosa, solitária, pensativa)
E agora, quando encontro o foco
Sinto, dentro de mim
Aquela quietude que só as boas decisões possibilitam
E as vontades…
De novos encontros, sem acaso
De novas e loucas aventuras, sem riscos
De arrancar de mim, o grito que está preso
De fotografar o mundo – todos os seus recônditos pedacinhos de rocha, vida, água
Ah! As vontades de viver intensamente, inconformadamente!
Quietude alcançada nas decisões,
Mas a vida? Prefiro barulhenta…
Ah! Eu vou ser sempre essa louca, leve e plena CON-FU-SÃO