Turbilhão
Escrevi este texto escutando Foi no mês que vem do Vitor Ramil, sugiro ler escutando também.
A cabeça ferve em ideias mais rápidas que o processador tem possibilidades de organizar.
A respiração acelera, gera angústia, devaneia em intermitência descontínua.
Não há paz no turbilhão, não há algoz mais severo e cruel que o pensamento sobre si.
Enquanto tudo passa numa cadência, nada faz sentido em meio à explosão de ideias.
O que a mente quer é silêncio, que não vem. Não vem, nada adianta.
Respira, respira, respira. Clichês baratos sem caminho, destino ou intenção.
Esvai tempo em retomadas inócuas, durante a torrente sináptica cotidiana.
Acorda antes do despertador, respira. Não é manhã ainda, vira de lado. Respira.
Promessas de mundos ideais, distopias sem cor em dias mutantes, impermanência.
Volta, respira. Pensa e sente. Deixa fluir o tempo e percebe o caos, respira.
Nano espaços de probabilidades instáveis, se fazem forçosos esforços.
Monumento em segundos que passam incessantes. Respira.
Pensamentos em ondas que se vão e voltam, intensas como uma ressaca
Afoga, afoba, desacomoda.
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