Confusão

Publicado por Notas Não Aleatórias em

Definição daquilo que não era previsto. Pode ser também o que nos atrapalha, tira do lugar, do rumo. Removendo, de onde o planejamento residia, o corpo.

Previsão diária, hábito sem despertar. Imperativo cotidiano, monótono persistir.

A ordem, como lógica moderna, nos previne de toda e qualquer confusão. Nos permite, pela razão, seguir na trilha das escolhas que fazem sentido a alguma linearidade traçada por rigores metafísicos e leis naturais teleológicas.

Enfadonha ordem, inventada para nos impor ritmos, costumes, hábitos que nosso corpo, constantemente, se quer escapar. Como um acontecimento, que se faz e refaz, o corpo se nega à forma da ordem. Se regozija na falta de estrutura que só a confusão nos proporciona.

Corpos existem para se perderem, se inconformam e deleitam no abalo de um colo com cafuné, permeados por vinhos, fofocas e amizades. Pura liberdade de existir e amar, enquanto tudo que nos rodeia submete-se a uma ordem que nos quer cinzas, à revelia de todas as cores que podemos visitar, residir, habitar, transitar: ser.

Fica. Vai ter colo e confusão. Acabei de passar um café para nós. Aqui nessa casa sabemos que não haverá paz, nem prometemos seguranças e simplicidades. Todavia, se a sinceridade te ressoar prazer, mesmo quando o mundo parece impreciso, entra, pega um café, acende teu cigarro, respira o ar do por do sol, afaga as gatas. Entra, pois a porta está aberta.

O corpo e o coração também.

Prato de cerâmica decorativo, pintado com os dizeres "fica, vai ter colo"